Consegui recuperar o link de mais um vídeo muito interessante que tinha arquivado aqui no blog e que havia se perdido, como expliquei no post anterior.
O excelente “Everything is a remix” parte da tese de que a maioria da produção cultural da atualidade é uma recombinação ou reformatação de criações já existentes.
Uma das afirmações do documentário: “Dos 10 filmes de maior sucesso dos últimos 10 anos, 74 em 100 são continuações, refilmagens ou adaptações de livros, histórias em quadrinhos, videogames e etc”.
O projeto é dividido em quatro vídeos diferentes que abordam diversas áreas e aspectos da questão, começando pela música, passando pelo cinema e pelo desenvolvimento da interface do computador pessoal.
Além disso, também toca em pontos mais conceituais, como o próprio tema da autoria, do mito do gênio criador e da originalidade, e a iminente falência da noção de propriedade intelectual.
Mais informações e referências na página do projeto.
A boa notícia é que os vídeos, originalmente em inglês, foram legendados pelo pessoal do Baixa Cultura.
Vale conferir.
Como disse Platão e Benjamin: a cópia!
Oi Mara,
Sim, a cópia! Não ao copyright!
bj
Bia
Isso!
Oi, Bia, como vai?
Envio um poema de Ramon Mello.
POEMA TRAVESSADO PELO MANIFESTO SAMPLER
para Frederico Coelho e Mauro Gaspar
I
invadir o corpo do mundo
aceitar
o
caos
atuar no esvaziamento das certezas
não copie e cole
se aproprie e recrie a realidade
use seu imaginário
carta de alforria para um primeiro
ato
nem todo início é um prólogo
II
acredite
você não é original
certo
apenas a pureza de um
mito
a pressão não
é
simples
pratique
sequestro saque captura
de palavras
não comunique aos pais
toda palavra é
órfã
não
existem palavras
finais
toda palavra
é
começo
pirata capitão buquineiro
promessa de geração
00
remix de ideias
souvenirs
alô waly
ah se você ainda estivesse por aqui
não escrever sobre
não descrever ou reproduzir
o mestre
produzir escrever produzir
eu
estou menino
em suas palavras
não chame meu nome em vão
salte a pedra
no caminho
III
seja atravessado pelos poetas que lê
aniquile as referências
um coletivo de enumerações
faça
literatura sem agradecer a raduan
ou adalgisa
faça
você seu retrato
enquanto jovem
encontre suas ideias
a partir de
apesar de
(lembra dela?)
apesar
de
invasor
ao combate
quais os limites
do texto?
autores originais
não mais
viva de uma forma política
crie assim
invada a cidade
invente
coloque tudo para dentro
para depois respirar
sentir e notar
você
eu estou colocando
pra dentro
o chocolate
de tanto olhar
ler
IV
propriedade coletiva
eu sou vocês
sou eu nos
reconhecemos nas palavras
lidas e não ditas e não lidas
também
percebe
posse‑criação
os
mentirosos
são dignos
do amor
deus
em latim é fingidor
da via
criação
escreva tudo
com essa mão nervosa
escreva escreva
as vozes que habitam
em ti
no papel
selvagem caótico
esse texto não é
seu nem meu
esse texto pertence
apenas
ataque
perigo ritmo
sem receio da autocrítica
se aproprie dos rótulos
para destruí‑los
plagiador sabotador
coroe sua intimidade
perturbe
seus pares
não os deixem
presos
no século passado
o aprendizado
as vanguardas e a tradição
modos de usar
sua língua
esqueça os ismos
a divisão didática
atravesse
seja tático
V
cale
a boca de quem
não se posiciona
no espaço
torne seu o que é
do outro
provoque todas
as encenações institucionais
modo de fazer
aprender fazendo
seu trabalho
diário
manipule a história
alheia escreva a nossa
invente
seja autor inventor
o leitor
deve reconhecer seus passos
caminho percorrido
está
tudo no passado
o futuro se tropeça
com ele
a poesia se esfrega nas coisas
percebe?
ao acordar veja as coisas
como
as coisas todas
espalhadas livros jornais
mesquinhez de sua relação
amorosa
você pode abrir sulcos na escrita
fluxos
corpo é texto
é corpo
emancipe sua escrita
deixem falar mal
amanhã
estão todos lambendo seu rabo
discuta apenas sua
existência
na palavra
leia
escreva
como quem atravessa
o leitor
subverta
transforme o meio com a palavra
transtextual
células trans
transexual
exu contemporâneo se aloja no outro
passado tomando o presente
de cavalo
VI
ultrapasse
a si mesmo
amadureça
a experiência
seja através
dos outros
não trapaceie é fatal
a verdadeira história da literatura
uma história de ladrões
experiência
número infinito
o homem forte vive
só
lembre dos outros
entenda
as relações de força
você ouviu de um artista de plástico
vale tudo só não vale
qualquer
coisa
as coisas negras são
tão bonitas
menos o cavalo
beba
ice tea light
com limão e gelo
lipton com muita cafeína
no cafeína
não imite
escreva a partir
de
dobre a linha da folha
dobre‑se
você sabe que o papel
só pode ser dobrado
sete vezes
hum
modo de
de experimentar
os espaços
nascemos com os mortos
sempre
o fim é o meio
novo desvio
novidade sem novidade
caminho literário cercado de música
ouça
não é preciso citar
não é
faça
teses para corrompê‑las
o texto tem sentidos
não
sentido
fazer ao ler
a linguagem não indica sentido
mas possibilidades
as palavras
penetram em você
ou não
use todos os guardanapos
do café
com leite e biscoito de maisena
(compensando os 10% de mau atendimento)
ganhar força com as ideias
pense no tempo
em nosso tempo
tempo
tempo
tempo
tempo
silêncios
incorporados na escrita
esquecimento como aprendizado da escritura
invasão pela leitura
esse poema não tem
fim
é o meio
Olá Reynaldo,
Nada como o tema do remix para trazê-lo ao blog 🙂
Obrigada pelo poema. Compõe muito bem com os vídeos.
Um abraço,
Bia
Olá, Prof. Reynaldo, você pode me enviar seu email?. quero agradecê-lo pelo meu nome citado em sua Tese.
Abraço
É verdade, o remix é tudo.
Não vi na íntegra, mas penso que em http://vimeo.com/38203026
a parte 4 está legendada.
Abraços.
Oi Reynaldo,
Obrigada, não tinha visto essa referência. Vou atualizar.
Um abraço,
Bia
Ah, desculpe-me. Compare com as 4 partes legendadas daqui:
http://comlimao.com/2012/03/30/everything-is-a-remix-a-evolucao-e-copiar-transformar-e-combinar/
Oi Reynaldo,
Você tem alguma opinião a respeito? Alguma delas é superior?
Um abraço,
Bia
Bia, boa tarde.
Na minha opinião TUDO que possui o aval do competente pessoal do Baixa Cultura é mais elaborado. Abraços.
http://www.youtube.com/user/BaixaCultura
(A parte 4 legendada está nesse site, chancelada pelo Baixa Cultura).
Sim, eu penso a mesma coisa. Queria saber se você por acaso tinha opinião diferente.
E o Marcelo De Franceschi, do link que você me enviou anteriormente, é do Baixa Cultura.
Um abraço,
Bia
Bia, dia 03/08 irei para o Rio ( Saquarema) com minhas duas filhas. Convido você e suas filhotas: de 6a a 2a conversaremos sobre remix e surf. Não diga não : resposta pelo yahoo.
Abs de seu amigo
Reynaldo
Olá, prof. Reynaldo, quero agradecê-lo pela citação de meu nome em sua Tese. Eu a li, verdadeiramente um Estudo!
Se puder passar email para contato, agradeço.
Sandra
Bom dia, Bia.
Tudo bem?
Outro vídeo que “desapareceu” foi o RIP!: a Remix Manifesto.
Ou sou eu que não o estou localizando?
Existe uma versão integral em
http://fastblog.marcogomes.com/rip-a-remix-manifesto-o-melhor-documentario-q
Abs.
Oi Reynaldo,
O RIP! está no post Remix – uma antiga novidade. Foi um dos primeiros que postei.
Eu criei a tag “vídeos” para ajudar na localização dessas preciosidades…
Um abraço,
Bia